domingo, 9 de maio de 2010

Tal como um livro que se conhece de cor


A frase - "eu te avisei" - é muito incômoda para a maioria das pessoas - mas é simplesmente porque elas não conseguem explicar o que aconteceu.
Faz mais de um ano, e isso martela, as vezes, insistentemente na minha cabeça, a tão popular frase, que em algumas ocasiões tive a infeliz oportunidade de ouvir de algumas pessoas.
Eu simplesmente desmonto, meu rosto fica pálido, meu sorrizo vazio, triste e sem graça. Eu tão séria e cheia de armaduras, tão segura de si, "experiente", cair numa coisa tão óbvia pra todos, simplesmente gritante.
Tentando achar explicações na minha bagunça interior; é como uma livraria repleta de livros velhos, não é chamativa e tem cheiro característico de passado, mas que o velho senhor que sempre trabalhou lá, sabe o lugar de cada coisa, consegue achar tudo em meio ao caos.

Num desses livros, uma história parece bem interessante. Nele uma garota passeia sózinha no shopping, não tem muitos amigos, na verdade quase nenhum, nem dinheiro pra comprar as roupas que estão na vitrine, mas anda pelos corredores, passeando, e tentando não se manter fora das modernidades, para massagear o ego. Possuí apenas um cartão de crédito que até já havia se esquecido, estava guardado, ou melhor escondido, jogado em algum lugar da carterira de pano cor de gelo, que já estava mais para o cinza, na moda a dois verõs atrás.
Quando se depara com uma loja e um vendedor muito receptivo e simpático, tinha olhos penetrantes, prestes a intimidar. Ele não lhe agrada muito, algo dentro dela tem repulsa por ele, faz ela querer correr, pois no fundo sabe que é tudo falso, é o processo da conquista, não há nada de particular nos elogios, é só mais uma que apareceu num dia qualquer.
Mas ela acaba entrando...As palavras dele são tão desesperadas e rápidas, diz o que ela acha que quer ouvir, ou apenas o que ninguém diz habitualmente mesmo, então parece fabuloso e único, as qualidades daquela "roupa", daquela grande oportunidade, ela fica tonta, seus pensamentos são lentos e desajeitados. Não são rápidos e articulados como o dele.
Quando saí e tudo acaba, se dá conta de que gastou tudo que tinha e o que não tinha. Viu que levaria meses para repor o que havia perdido, mas o estrago estava feito e o fatal arrependimento ja lhe havia tomado conta. Mas e o vendedor? ah ele nem se lembrava mais dela, assim que ela saiu pela porta.
Talvez essa frase não tenha mesmo explicação, é apenas infértil, inútil. "Entreguei amor e sonhos sem saber que um palhaço pinta o rosto par viver"
Linda frase de um livrinho de bolso, que chegou na livraria a pouco tempo, "quem buscar a felicidade fora de sí encontrará, no máximo, um vazio ainda maior. Nada nem ninguém, fora do coração humano, poderá fazê-lo verdadeiramente feliz".

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Cadê o Outono?


A cor amarela do sol brilhante lá fora não combina com meu espírito acinzentado desse dia; é sufocante; como se o calor do sol queimasse minha pele se os dois se tocassem; não há harmonia; como alguém que acaba de acordar e abrir os olhos, mas a luz dói, porque você estava muito tempo no escuro.
Quem sabe se as árvores nuas, o molhado da calçada e as grandes roupas que escondem a pele cobrissem meu corpo; meus olhos no acinzentado do dia encontrariam o foco de luz ideal para abrigar-se; livrar-me-ia das paredes que me coagem a manter-me no santuário; o cheiro de mirra e cravo que exala do meu espírito, teria a sua extensão no vento que sopra lá fora, trazendo uma nova essência, do cheiro molhado de chuva.

sábado, 24 de abril de 2010

Não Vinhas Verme à própria.....Janela


Desde pequena nunca tive o hábito de ler, mas os livros e poesias sempre apareciam na minha cabeça, personagens loucos, alguns ruins, outros se tornaram meus amigos. Hoje não me vejo sem uma boa conversa com algum autor que anseia minha imaginação, como diz Clarisse Lispector," Às vezes sentava-se na rede, balançando-me com um livro aberto no colo, sem tocá-lo, em êxtase puríssimo. Não era mais uma menina com seu Livro: era uma mulher com seu amante".
Escrevi muitas e muitas coisas, minha inquietação me fazia rasgá-los, alguns sobreviviam alguns mêses, outros sequer semanas, mas minha loucura momentânea me faz ter vontade de olhar novamente coisas que escrevo hoje, não que seja digno de ser muito lido e admirado pelos outros, mas coisas que a minha janela conhece, como fazia antes evitava de me debruçar sobre ela, agora ela parece silenciosa e observadora.
O que mais me atrai é a capacidade de olhar coisas cotidianas, com um olhar poético, às vezes critico e doloroso, desastroso e infernal, muitas vezes doce e sublime, outros apaixonante e intenso, ou de uma nostalgia que da vontade de voltar no tempo. Não importa, coisas num primeiro olhar ordinárias, comuns, ganham um toque pessoal e único. Podem ser coisas ou pessoas. E as pessoas? ter capacidade de olhar as mesmas pessoas todos os dias e descobrir nelas atos poético, trejeitos dos quais sem você não sobreviveria, retomar o que elas foram na primeira vez que você as vio, ou nos momentos em que você mais precisou...
Enfim, bem vindo a minha Janela, pois a loucura é só um ponto de vista, ou por qual janela você anda debruçado.
Me Vou...